No passado dia 11 de setembro (2019), a Comissão Científica do Life-Relict reuniu-se pela segunda vez e, ao longo de 3 dias, visitou todas as áreas de intervenção do projeto. O principal objetivo desta visita tem por base a relevância de um acompanhamento científico, não só direcionado às ações concretas de conservação, mas também à pertinência de um aconselhamento especializado para a implementação de medidas de gestão no terreno, que visam a conservação das relíquias da Laurissilva Continental a longo prazo.
Esta Comissão Científica integra vários nomes nacionais e internacionais, especialistas em botânica, geobotânica e alterações climáticas, bem como representantes de entidades públicas de gestão territorial: Carlos Pinto Gomes (Professor na Universidade de Évora, especialista em ecologia da vegetação e coordenador do projeto LIFE-Relict); Sara Del Río (Professora na Universidade de León, Espanha, especialista nos impactes que as alterações climáticas têm sobre as comunidades vegetais); Francisco Vazquéz Pardo (Biólogo e coordenador de projetos de investigação científica no Centro de Investigaciones Científicas y Tecnológicas de Extremadura); Eusébio Cano (Professor Catedrático na Universidade de Jaén, Espanha, especialista em flora e vegetação mediterrânica); Jean Jacques Lazare (Professor doutorado no Centre d`Étude et de Conservation des Resources Végétales e especialista em geobotânica); Pedro Ivo (Técnico do ICNF responsável pela área de Natureza e Biodiversidade, sendo especialista em flora e ponto focal dos projetos LIFE em Portugal); Nuno Fidalgo (Técnico no Município de Monchique no Gabinete de Proteção Civil e Florestas); Cristina Garcia (Técnica na Associação de Desenvolvimento Rural da Serra da Estrela); Artur Costa (Comandante Operacional da Proteção Civil no Municipal de Seia) e Alexandre Silva (Técnico Superior no Município de Seia e especialista em flora da Serra da Estrela). A visita da Comissão Científica às áreas de intervenção do projeto foi também acompanhada pela equipa do Life-Relict.
A visita às áreas do projeto permitiu à Comissão Científica observar, nos vários locais, as intervenções já implementadas no terreno, criando assim oportunidade para debater ideias precisas e esclarecer dúvidas sobre a forma como estas, e outras intervenções previstas, irão favorecer a conservação das relíquias da Laurissilva Continental a longo prazo. Foi igualmente profícua a oportunidade de esclarecimento sobre casos concretos de intervenções no terreno que visam a redução significativa das ameaças, como é o caso do controlo seletivo de vegetação para reduzir o risco de incêndio e o controlo de espécies exóticas de carácter invasor. Como resultado desta visita, foi possível fazer um intercâmbio de conhecimento e partilha de experiências entre os elementos da Comissão Científica e a equipa do LIFE-Relict, criando assim um momento importante de aprendizagem mútua.
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Não obstante, durante esta visita foi também possível observar outras singularidades da riqueza ecológica existente nas várias áreas de intervenção deste projeto, para além das espécies reliquiais da Laurissilva Continental. A título exemplificativo, em Monchique foi observado o carvalho-de-monchique (Quercus canariensis), o samouco (Myrica faya) e algumas flores-de-papel exclusivas desta serra (Armeria beirana subsp. monchiquensis). Na Mata da Margaraça observou-se o carvalho-alvarinho (Quercus robur), o azevinho (Ilex aquifolium), a aveleira (Corylus avellana), o ulmeiro-montanhoso (Ulmus glabra), assim como outras plantas exclusivas deste local como é o caso da erva-dos-passarinhos (Linaria triornithophora). Na Serra da Estrela, além da paisagem exuberante, foi também possível observar a relação harmoniosa entre o Homem e a Natureza.