O cisma dos Prunus: a origem do azereiro e do loureiro-cerejo

Distribuição mundial de Prunus lusitanica e Prunus laurocerasus. (Adaptado de Labajos & Blanco, 1992)

O azereiro (Prunus lusitanica L.) e o loureiro-cerejo (Prunus laurocerasus L.) têm uma distribuição disjunta. Isto quer dizer que, no presente, estas espécies estão amplamente separadas em termos geográficos apesar de serem árvores próximas morfológica e geneticamente. A adaptação aos processos geoclimáticos em curso (aumento da secura no final do Terciário e glaciações do Quaternário) levaram à fragmentação e desaparecimento da anterior paisagem tropical. O ancestral comum, que deu origem a estas estas duas espécies, refugiou-se em áreas distintas da bacia mediterrânica onde, sob influência de um clima húmido e temperado, evolui e se diferenciou em duas árvores diferentes. Assim na Península Ibérica, Norte de Marrocos e Sudoeste de França diferenciou-se o azereiro e no este da Península Balcânica, Cáucaso, Anatólia e Irão surgiu o loureiro-cerejo. Mais recentemente, nos Arquipélagos da Madeira, Açores e Canárias o azereiro diferenciou-se em duas subespécies distintas: a ginjeira-brava Prunus lusitanica subsp. hixa (Willd) Franco e a ginja-do-mato Prunus lusitanica subsp. azorica (Mouill.) Franco. Corologicamente diz-se que estas espécies são vicariantes.

Texto de Alexandre Silva (CISE)