A UÉvora comemora os 30 anos do Programa LIFE

O programa LIFE da União Europeia faz 30 anos no próximo dia 21 de maio. A Universidade de Évora irá comemorar esta efeméride com uma grande exposição alusiva aos projetos LIFE em que participa ou já participou, quer como beneficiário coordenador quer como beneficiário associado. Esta exposição decorrerá na semana de 16 a 20 de maio, nos Claustros do Colégio Espírito Santo da Universidade de Évora, tendo como público-alvo a comunidade universitária, turistas nacionais e estrangeiros e toda a população em geral. O LIFE é um instrumento financeiro da União Europeia que, atualmente, cofinancia projetos em 4 subprogramas: natureza e biodiversidade; economia circular e qualidade de vida; mitigação e adaptação às alterações climáticas; e transição para a energias limpas. Desde a sua origem, em 1992, até à data, já cofinanciou mais de 5500 projetos em toda a Europa. Por exemplo, só no âmbito da conservação da natureza, este programa já investiu mais de 3 mil milhões de euros em cerca de 1800 projetos, que beneficiaram 6000 áreas classificadas dentro da Rede Natura 2000 europeia. Atualmente, estão a decorrer (ou terminaram nos últimos meses) 11 projetos LIFE na Universidade de Évora. Grande parte deles dedicam-se à gestão e conservação da biodiversidade europeia: Life-Relict, Life Charcos, Life Águeda, Life Lines, Life Saramugo, Life Olivares Vivos+, LIFE Scrubsnet e Life Alnus Taejo. A estes acrescem o Life Montado Adapt, que se dedica à adaptação às alterações climáticas, o Life Invasaqua, centrado na prevenção e combate às espécies invasoras em águas doces e estuarinas e o Life BIOAs assente numa perspetiva ambiental centrada na economia circular e qualidade de vida. Porém, ao longo da história do Programa LIFE, muitos foram os projetos em que a Universidade de Évora já participou.

 

Informação adicional sobre os projetos que estarão presentes na exposição:

O LIFE-Relict visa preservar as relíquias da Laurissilva Continental, resquícios de plantas testemunhas das florestas que ocuparam a Península Ibérica em épocas geológicas passadas, quando o clima era subtropical. Nesta situação estão os raros azereirais nas serras de Açor e Estrela e os adelfeirais na serra de Monchique, ameaçados pelos incêndios, espécies invasoras e alterações climáticas. A Universidade de Évora é coordenadora deste projeto sendo o orçamento global de cerca de 1.7 milhões euros. Para mais informação: http://www.liferelict.ect.uevora.pt/

O LIFE Charcos pretende conservar os Charcos Temporários Mediterrânicos, um habitat prioritário que alberga inúmeras espécies, algumas raras e ameaçadas, na Costa Sudoeste de Portugal. Neste território foram identificadas diversas pressões e ameaças, entre elas a intensificação da atividade agrícola e, o não menos importante, desconhecimento do seu valor natural. A Universidade de Évora é coordenadora científica deste projeto sendo o valor do orçamento global de cerca de 2 milhões de euros. Para mais informações https://lifecharcos.lpn.pt/

O LIFE LINES surgiu com o objetivo de contribuir para a criação de uma Infraestrutura Verde que promova refúgios para plantas e animais, e o seu movimento seguro ao longo das infraestruturas lineares, assegurando os serviços dos ecossistemas e atenuando, assim, o impacte negativo das mesmas na biodiversidade. A Universidade de Évora é coordenadora deste projeto sendo o orçamento global de cerca de 5,5 milhões euros. Para mais informações: https://lifelines.uevora.pt/

O LIFE ÁGUEDA tem como objetivo principal eliminar ou mitigar substancialmente as pressões, como obstáculos à continuidade fluvial, que estejam a limitar o habitat disponível para os peixes migradores na bacia hidrográfica do Vouga. Com um orçamento total de cerca 3,3 milhões de euros, a Universidade de Évora é o coordenador geral e técnico-científico do projeto. Para mais informações: https://www.life-agueda.uevora.pt/

O LIFE ALNUS TAEJO visa proteger, conservar, valorizar e recuperar cursos de água dominados por bosques ripícolas de amieiro (amiais) na região da bacia internacional do rio Tejo. Os amiais abrigam uma elevada biodiversidade e influenciam a qualidade da água dos rios e dos seus ecossistemas. A Universidade de Évora é parceira deste projeto sendo o valor do orçamento global de cerca de 4 milhões de euros. Para mais informações: https://lifealnustaejo.eu/

O LIFE BIOAs visa demonstrar a viabilidade ambiental e económica de um processo de produção de um bio-adsorvente inovador a partir do bagaço de azeitona e, simultaneamente, a sua utilização para a purificação de água, de acordo com a Directiva da UE para a água potável relativamente ao arsénio. A Universidade de Évora é parceira deste projeto, sendo o orçamento global de cerca de 1.8 milhões de euros. Para mais informações: https://www.lifebioas.eu/

O LIFE OLIVARES VIVOS + tem como principal objetivo a atribuição do primeiro certificado na Europa que atesta o compromisso dos agricultores produtores de azeite com a conservação da biodiversidade, contribuindo para a diferenciação do produto no mercado. Para concretizar o modelo de gestão proposto, foram estabelecidas parcerias com olivicultores de Espanha, Portugal, Grécia e Itália, os quais constituirão uma rede de áreas experimentais onde serão avaliados os efeitos de distintas medidas agroambientais e o impacto económico do selo Olivares Vivos. A Universidade de Évora é entidade parceira neste projeto, sendo o orçamento global de mais de 7 milhões de euros. Para mais informações: https://olivaresvivos.com/en/

O LIFE Montado-Adapt é um projeto de impulso à adaptação dos Montados em Portugal e Espanha. Tem como principal objetivo atenuar as consequências das alterações climáticas nos montados, melhorando a sua sustentabilidade do ponto de vista económico, social e ambiental. Neste sentido, foram desenvolvidas estratégias de adaptação que visam dar resposta aos impactos presentes e futuros, que resultaram na definição de 40 medidas de adaptação dos Montados às alterações climáticas. A Universidade de Évora é entidade parceira neste projeto, sendo o orçamento global de cerca de 3,5 milhões de euros. Para mais informações https://www.lifemontadoadapt.com/

Life Invasaqua tem como principal objetivo promover a comunicação, a formação e a difusão de informação sobre as Espécies Exóticas Invasoras (EEI) aquáticas em Portugal e Espanha.  As EEI são consideradas a nível global a segunda principal ameaça à biodiversidade. Estas espécies são também uma ameaça à saúde pública e são responsáveis por severos impactos socioeconómicos. Este projeto coordenado pela Universidade de Múrcia, tem vários parceiros distribuídos pela Península Ibérica, sendo a Universidade de Évora um dos principais parceiros em Portugal, o orçamento global é de cerca de 3 milhões de euros. Para mais informações: http://www.lifeinvasaqua.com/pt-pt/

O Life Scrubsnet pretende revitalizar os habitats agrícolas extensivos semiáridos através da gestão sustentável das suas áreas de matos. As manchas de mato são fundamentais para a funcionalidade ecológica destes sistemas e, por conseguinte, devem fazer parte de um modelo sustentável de gestão das habitats. Este é um projeto internacional onde a Universidade de Évora é parceira sendo o orçamento global cerca de 2,3 milhões de euros. Para mais informações: https://lifescrubsnet.eu/pt/projectoeuropeu/

O Life Saramugo visa a conservação das populações de saramugo em 3 sub-bacias do rio Guadiana (Xévora, Ardila e Vascão), com o intuito de salvaguardar a sobrevivência desta espécie, esperando-se que com este projeto se reduza drasticamente a tendência de declínio da população de saramugo que se tem verificado até agora. A Universidade de Évora é parceira do projeto que tem um orçamento global de 1.5 milhões de euros. Para mais informações: https://lifesaramugo.lpn.pt/pt

Plantações com voluntários em Monchique

Ainda no âmbito do Dia da Terra, o Projeto Life-Relict do qual a Câmara Municipal de Monchique é parceira, realizou na passada quarta feira 20 de abril, uma ação de educação ambiental e plantação. A iniciativa foi representada pelos Técnicos da Câmara Municipal de Monchique, Eng. Sónia Martinho e Eng. Tiago Guerreiro e, pela Eng. Patrícia Martins do Projeto Life-Relict. Esta atividade contou com a preciosa ajuda da Equipa dos sapadores Florestais, que prestou auxílio aos participantes no momento de plantar as árvores, explicando-lhes os procedimentos a ter em conta na plantação das espécies. A planta escolhida foi o Carvalho-de-monchique (Quercus canariensis) que é uma espécie autóctone. A iniciativa contou com a presença de duas das turmas do Pré-escolar que se fizeram acompanhar das auxiliares de educação e educadoras de infância. Esta ação de plantação, pretendeu fomentar a educação ambiental, a melhoria da biodiversidade e a valorização dos ecossistemas aumentando área de ocorrência do habitat adelfeiral, através do restauro de áreas adjacentes favoráveis.

“Ao louro (Prunus lusitanica) le gusta ver el agua, pero no tocarla”

“Ao louro (Prunus lusitanica) le gusta ver el agua, pero no tocarla”

Este ditado popular extremenho (Cáceres) diz muito sobre a ecologia do azereiro. Resguardado dos frios mais intensos, em áreas de baixa a média altitude de algumas serras do Centro de Portugal e orientados, de tal forma, que evita receber diretamente os ventos frios do quadrante norte, assim vegeta o azereiro. Não é correto afirmar que se trata de uma árvore ripícola como os salgueiros e os amieiros. Prefere solos siliciosos derivados de xistos e granitos, por vezes de quartzitos. Contudo, a humidade ambiental e edáfica é fundamental, não tolerando a seca estival pronunciada, nem Invernos extremamente frios. Devemos, pois, considerar os azereirais como bosquetes climatófilos dada a sua dependência estrema quer da compensação hídrica, garantida pelas neblinas recorrentes destes vales, quer das escorrências superficiais e dos lençóis freáticos que escoam próximo da superfície, em barrancos e córregos de vertentes expostas preferencialmente a norte.

O azereiro na literatura, na toponímia e na ecologia antiga portuguesa

O azereiro na literatura, na toponímia e na ecologia antiga portuguesa

Mighel Leitão d‘ Andrada (1553 – 1630), jurista e escritor português natural de Pedrógão Grande, contemporâneo e seguidor do Rei D. Sebastião I de Portugal relata na sua obra: Miscelânia….. – (https://purl.pt/14193/4/res-92-v_PDF/res-92-v_PDF_24-C-R0150/res-92-v_0000_Obra%20Completa_t24-C-R0150.pdf) publicada em Maio de 1629, a existência de bosques luxuriantes, nas margens do rio Zêzere na região de Pedrógão Grande, dos quais o azereiro fazia parte. Muito, provavelmente terá siso este rio que emprestou o nome à árvore que hoje conhecemos como azereiro (Prunus lusitanica).

He este outeiro quasi todo de pedra, poré por entre ella cuberto de fresquissimo arvoredo, muita giesta brãca & amarella, & mil boninas & flores, a madresilva q nasce polas fedas da mesma penedia, & por entre ella o zenzereiro louro, & murta.

E he tudo quasi huma pedra, mas por entre ellas infinitas verduras diversas, muitas parras, que dellas se dependurâo; loureiros, dragoeiros, castanhos, sovaros, carvalhos, azinhos e outros muitos; e o notável zenzereiro, arvore a quem o rio deu nome, por se criar nelle grande e copado, e de folhas muito verdes de feição de louro, cujas flores são brancas, e de feição de cacho de uvas em flor, mas de tão admirável fragância de cheirosuavíssimo, que por grande espaço de sua circunferencia, e ao redor se está meixeriando entre o arvoredo

No excerto desta obra está patente que população deste território já reconhecia o azereiro, enquanto árvore, que fazia parte dos seus bosques nativos, mesmo antes de Lineu a ter descrito cientificamente.

Texto de Alexandre Silva (CISE)

O cisma dos Prunus: a origem do azereiro e do loureiro-cerejo

Distribuição mundial de Prunus lusitanica e Prunus laurocerasus. (Adaptado de Labajos & Blanco, 1992)

O azereiro (Prunus lusitanica L.) e o loureiro-cerejo (Prunus laurocerasus L.) têm uma distribuição disjunta. Isto quer dizer que, no presente, estas espécies estão amplamente separadas em termos geográficos apesar de serem árvores próximas morfológica e geneticamente. A adaptação aos processos geoclimáticos em curso (aumento da secura no final do Terciário e glaciações do Quaternário) levaram à fragmentação e desaparecimento da anterior paisagem tropical. O ancestral comum, que deu origem a estas estas duas espécies, refugiou-se em áreas distintas da bacia mediterrânica onde, sob influência de um clima húmido e temperado, evolui e se diferenciou em duas árvores diferentes. Assim na Península Ibérica, Norte de Marrocos e Sudoeste de França diferenciou-se o azereiro e no este da Península Balcânica, Cáucaso, Anatólia e Irão surgiu o loureiro-cerejo. Mais recentemente, nos Arquipélagos da Madeira, Açores e Canárias o azereiro diferenciou-se em duas subespécies distintas: a ginjeira-brava Prunus lusitanica subsp. hixa (Willd) Franco e a ginja-do-mato Prunus lusitanica subsp. azorica (Mouill.) Franco. Corologicamente diz-se que estas espécies são vicariantes.

Texto de Alexandre Silva (CISE)

Rota das Adelfeiras apresentada na BTL

A  convite do parceiro Município de Monchique, o prof. Carlos Pinto Gomes fez uma apresentação na BTL (Bolsa de Turismo de Lisboa – Travel Market) sobre a flora e vegetação da serra de Monchique, onde realçou a Rota das Adelfeiras, como produto diferenciado de turismo de natureza em Monchique.

Esta ação contemplou a divulgação do projeto e o fomento do ecoturismo, dando a conhecer a importância da conservação das Relíquias da Laurissilva Continental, aumentando a sensibilização social para a necessidade da sua preservação e do valor histórico e natural que representam. Esta partilha de conhecimento é fundamental para incutir na sociedade um papel protetor dos seus valores naturais e sentimento de pertença. Através da Rota das Aldelfeiras, pretende-se contribuir para a criação de estruturas e materiais de apoio ao turismo de natureza, indispensável para o desenvolvimento socioeconómico sustentável destas regiões interiores.

 

 

Replicação do Life-Relict em terreno privado

No passado dia 29 de janeiro decorreu em Valongo, concelho de Pedrógão Grande, uma ação de plantação num terreno privado. Aqui foram plantados cerca de 100 azereiros, 80 medronheiros e 10 carvalhos numa área de cerca de 0.5ha. O objetivo foi o de incrementar áreas de azereiral, habitat-alvo do Life-Relict e assim replicar o conhecimento adquirido no projeto.

Inaugurada a Rota das Adelfeiras

No passado dia 16 de julho, após o II Seminário do Projeto Life-Relict, foi inaugurada a Rota das Adelfeiras.

Esta rota vem reforçar um dos objetivos específicos do Life-Relict que se prende com a promoção do turismo de natureza, nas suas áreas de intervenção, sensibilizado todas as partes interessadas para a valorização do património natural, em geral, bem como para a preservação das adelfeiras, em particular.

Para saber mais sobre a Rota das Adelfeiras, clique AQUI

II Seminário Life-Relict em Monchique

Decorreu, no passado dia 16 de julho, o II Seminário do Projeto Life-Relict com o tema Restauro de habitats em Monchique.

Devido à situação epidemiológica, a participação presencial foi condicionada mas houve transmissão em direto de todo o Seminário. Para o poder visualizar use este LINK

De referir ainda que neste mesmo dia, a Rota das Adelfeiras foi inaugurada. Saiba mais sobre esta magnífica Rota AQUI

(Clique nas imagens para as visualizar)

Exposição itinerante

Prof. Drº. Carlos Pinto Gomes (UÉ)

Castelão Rodrigues (Diretor Regional do ICNF do Algarve)

Prof. Drª Alexandra Teodósio (Vice-reitora UAlg)

Rui André (Município de Monchique)

Inauguração da Rota das Adelfeiras

Participação nas Jornadas Pedagógicas

No passado dia 18 de junho, elementos da equipa do projeto Life-Relict participaram nas Jornadas Pedagógicas em Castelo de Vide e que foi organizado pela Aspea – Associação Portuguesa de Educação Ambiental.

Assim, inseridas no Eixo 1 – Educação Ambiental, território e florestas, houve duas comunicações orais apresentadas, nomeadamente:

  • A importância da replicação do Life-Relict para o restauro de Habitats Florestais – Prof. Dr Carlos Pinto Gomes da Universidade de Évora
  • A necessidade da divulgação para a consciencialização pública – o contributo do Life-Relict – Cristina Madeira Baião da Universidade de Évora

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